segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

A vida de Estela

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Acreditava em muita coisa. Acreditava até que aquele político havia se tornado uma pessoa melhor. Ela gostava de acreditar. Era uma acreditadora. Ontem, acreditou que no final daquela tarde primaveril, conheceria alguém especial. Pensou em ir a alguma exposição. Imaginou que entre uma tela ou escultura, admirada com o que via, alguém ao lado faria um comentário em bom e quase alto tom, ela faria uma intervenção, daí surgeria um encontro para o resto de sua vida. Bem, não precisava ser para o resto de sua vida, mas para uma parte considerável dela, assim pensava.
- Sinto o conflito expresso no vermelho que ensanguenta a tela. - disse um homem qualquer.
- Engraçado, pois eu vejo vida, vida em abundância.
Bem que o encontro quase acontecera. Mas mal começara no ponto final do abundância. Estela desejara um abraço. Nem os livros que ela dava tanta importância, tiravam dela aquela vontade de afago. Não era chegada em bares, mas adorava cafés.
Em muito, há de se depender do outro e era, justamente, nisso que a vontade dela esbarrava.

Um comentário:

Karen disse...

as vezes o afago vem de dentro. Diga a Estela que o procure.