segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

A vida de Estela

O plano de fundo da área de trabalho mostrava duas árvores, quase unidas, onde não se viam os troncos, mas galhos e galhos e galhos e folhas e folhas e folhas. Ao fundo, um largo rio e, na outra margem, mais verde e verde e verde. Fim de tarde, uma chuva fina, fina e fina. Estela virou-se e foi, sentada na cadeira com rodinhas, em direção à janela. Pessoas saíam do prédio que ficava logo a sua frente, em passos que pareciam mais largos e largos. A hora era ir embora. Uns em direção a outro expediente, a maioria em direção as suas casas, e os outros ela nem imaginava. E ela, ela nem imaginava. Aquele trabalho era pequeno, pequeno, pequeno, pequeno... Aquelas pessoas pareciam pequenas. Ela parecia mais pequena que todos os pequenos. Revirou-se e a tela do computador continuava a mesma. A mesa era a mesma. A sala era a mesma. O prédio era o mesmo. E ela era a mesma. Apoiou os cotovelos sobre a mesa. Apoiou a cabeça sobre as mãos estendidas. Acostumou-se em apoiar-se em si mesma.

2 comentários:

sblogonoff café disse...

Estela precisava acahr um portal em que as coisas não se repetissem para se intensificar.
Que a primeiro sentimento já fosse tão intenso que a arrebataria a outros universos onde ela seria maior.
Uma estrela!

***
Saudades de você!
Que bom que veio abrir as cortinas!


Sopro de Eves!

Bel disse...

Bonito isso ... Do olhar que produz repetiçāo ... de pensamento. De sentimento, de sensaçāo.
Estela parece maior do que imagina.

Um beijo,
Bel