sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Para Marlene

Depois de mais ou menos um ano, a despedida foi repleta de luminosidade.
Antes, a chegada deles...
Quando você trouxe a encomenda, eu disse obrigada.
Animada, pediu que eu experimentasse.
Naquela tarde nublada, era novembro de 1988, o corredor que separava a sala dos três quartos parecia um caminho desconhecido. Talvez, o abrigo seguro de um último fio não encontrado. Talvez.
No quarto, ao tirar o lenço suavemente florido que envolvia a cabeça, percebi a leveza da encomenda.
Do lado de fora, você perguntava:
- Já experimentou?
Sem olhar a encomenda, coloquei-a e, timidamente, abri a porta.
Rapidamente, levou-me ao espelho do banheiro que ficava ao lado do quarto e, delicadamente, penteou os cabelos dizendo:
- Pareço uma dama de companhia, uma ama daqueles filmes antigos, e você está igualzinha uma princesa.
- Eu?
- Além de macios e naturais, esses cabelos têm uma luminosidade, né?
Meus olhos profundos de nascença elevaram-se, aos poucos, ao encontro da luz que aqueles fios guardavam.
Com o passar das nuvens sombreadas, os fios tornaram-me mais e mais brilhantes. Talvez, nunca saberei de quem eram mas, nos meses seguintes, eles também eram meus.

12 comentários:

Claudia Pimenta disse...

oi sheyla! que lindo!!! um texto de alma feminina! aliás, hoje temos blogagem coletiva da cecília meirelles - eu atualizei o post de ontem... depois passa lá! bjs, querida, e bom fim de semana!!!

Bel disse...

Doce ... como só as lembranças podem ser!
Um beijo,
Bel

Helena Castro disse...

é muito gostoso quando alguém presenteia a gente com carinho, ne?

beijos

Elga Arantes disse...

Para mim, um texto forte. Só não é tão triste, pela delicadeza com que tratou a situação. Eu achei assim. Acima de tudo... forte!

Essa história é sua?

Beijos.

Karen disse...

concordo com coração. um tipo de lembrança forte, um pouco doce.

bjs querida.

DJ disse...

Prazer...
Acho linda a forma como as memórias tomam corpo e vida!
Invadi seu espaço e quiz deixar um comentário!
Lindo tudo isso.

Sheyla disse...

Claudia,Bel e Helena,
Obrigada pelo carinho de sempre!

Elga e Karen,
De um certo modo a história é minha sim! Como disseram é forte!
Ficou a lembrança.
Bjs.

Dj,
Obrigada pela visita.

Verson Souto. disse...

Como sempre, maravilhosa!

Saudades das visitas viu?!

Beijos.

Elga Arantes disse...

Aquela história do Prometeu é uma que não deveria ter começado no momento em que começou. Mas, agora que já foi, fico pensando se pode ser que seja legal. Às vezes, estou animada, às vezes, não. Mas, é normal para a fase da minha vida. Tateando no escuro. Um quase amigo que virou um quase namorado. Quase chego a uma conclusão. história complicada, rs.

Beijos.

sblogonoff café disse...

Oi, moça...
Quando eu não sei exatamente o que dizer, eu prefiro ficar em silêncio, o que não quer dizer que não tenha lido! Na verdade é você que tem vindo pouco aqui no seu canto!!!

***
Na primeira vez que li este texto, imaginei pelas palavras chaves (cabelos, lenço, nos meses seguintes também eram meus... ) que se tratava de alguém que não tinha cabelo, talvez por causa de quimio e outra pessoa que os tinha brilhantes como era por dentro. Sem a certeza, não falei nada!!

Mas sempre que você posta, estou por aqui sim, mesmo que demore um pouco para compreender as coisas!!

Um grande abraço!

O Profeta disse...

Esta carícia de fresca brisa
Transporta a beleza de Oriente
Uma voz doce cede ao silêncio
Esta aurora acorda finalmente

A sombra perdeu-se na luz
Escuto o pranto e o riso na bruma
Palavras fugindo ao sentido
Lembranças perdidas na espuma


Boa semana


Mágico beijo

Karen disse...

querida,
que 2009 seja um ano de mais paz, mais tranquilidade...
adoro vc.
bjs