sexta-feira, 24 de julho de 2009

Janelas

A menina dobra os quatro dedos da mão e deixa o polegar esticado.
- O coração é assim. - diz a menina.

Hoje, não sei porque motivo, lembrei-me de quando era criança, viajando de carro com meus pais. Adorava deitar num cantinho do carro, fazia uma espécie de caminha com um colchão pequeno, colocava uns paninhos e olhava pro céu. Adorava ver o céu desenhar.

Tinha um senhor lá no prédio onde moro, que havia plantado uma árvore. Da janela, ele gostava de cuidar da árvore. Quando eu o conheci, seus cabelos já eram alvos e a árvore tinha uns sete metros. Seu José era o nome dele.

Na minha frente tem um prédio enorme, nem sei quantos andares têm. As janelas lá foram não mostram, mas eu sei, que tem alguém à espera também não sei de quem.

Disseram que a árvore do Seu José foi cortada para uma vaga de carro.

- Estou indo. - disse um colega de trabalho.
- Bom descanso. - disse.
- Poderia ficar mais um pouco, mas estou meio down. - disse o colega.
- Tudo vai melhorar...

2 comentários:

Verson Souto. disse...

tudo vai melhorar...


beijo,querida


saudade

sblogonoff café disse...

Além de cada janela
Tem muitos corações que pulsam
e outros que se dividem e formam borboletas
Em cada coração há um mundo inteiro
que eu desconheço
mas que faz parte de mim
como um mistério
que se esbarra em mim
As árvores completam ciclos
e abrem vagas à novos tempos
A lembrança é um compartimento
bem maior que as janelas

Tudo, tudo, tudo, vai dar pé...

Saudades de você!